Operação combate quadrilha que lavava dinheiro do tráfico de drogas em MG e mais seis estados
27/11/2024
Ação é realizada nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás. De acordo com o MPMG, R$ 345 milhões são sequestrados por meio de ordens judiciais. Helicóptero da polícia sobrevoa o bairro Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte
MPMG/Divulgação
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e as polícias Civil e Militar fazem, nesta quarta-feira (27), a "Operação Êxodo" para combater uma quadrilha que lavava dinheiro do tráfico de drogas.
De acordo com o MPMG, são cumpridos 106 mandados – 17 de prisão –, além de busca e apreensão, sequestro de bens imóveis, veículos e valores e de suspensão de atividades de empresas que funcionam em Belo Horizonte (MG), Contagem (MG), Rio de Janeiro (RJ), Foz do Iguaçu (PR), Praia Grande (SP), Ribeirão Preto (SP), São Bernardo do Campo (SP), Paranaíba (MS), Sinop (MT) e Britânia (GO).
Na capital mineira, a ação é realizada no bairro Cabana do Pai Tomás, na Região Oeste. Até a última atualização desta reportagem, 14 suspeitos tinham sido presos.
As ordens judiciais de sequestro totalizam R$ 345 milhões em contas bancárias, aplicações financeiras, títulos de capitalização, cadernetas de poupança, investimentos, ações e cotas de capital dos investigados e empresas.
Dois anos de investigações
O MPMG informou que durante dois anos as investigações apontaram que a organização criminosa atuava com tráfico de drogas, posse e porte ilegal de armas de fogo e lavagem de dinheiro na Cabana do Pai Tomás e em outras regiões do país.
Nesse período, os investigadores mapearam a atuação do bando, incluindo não apenas os crimes, mas também o fornecimento de sinal de internet, ações assistencialistas e apoio jurídico para manter o controle e o crescimento da organização em Minas Gerais.
"A ligação teve início, ela tem dois anos de duração, ela iniciou tendo como alvo uma das lideranças da facção criminosa que está no Rio de Janeiro e, através dele, a gente conseguiu desenrolar toda essa rede criminosa bastante complexa formada por lavadores, traficantes de arma, traficantes de drogas, que movimentaram muitos valores em dinheiro, altos valores em dinheiro e bens móveis e imóveis. A gente tem três foragidos dessa operação, foram expedidos 17 mandados de prisão e 14 foram presos e a nossa meta é prender todos eles e com a análise do material que foi colhido hoje prender todos aqueles que aparecerem também no novo material. O fenômeno das facções criminosas não tem fronteira, eles não tem divisa territorial como a gente tem, então com a facilidade de comunicação hoje em dia eles se alastram, a gente tem grandes facções nacionais que ocupam representatividade em todo o território brasileiro e então é natural que a gente tenha alvos em outros estados da federação", detalhou a promotora de Justiça Paula Ayer.
Foi apurada, ainda, uma rede de lavagem de dinheiro, principalmente do tráfico de drogas, envolvendo pessoas físicas e jurídicas em vários estados.
O delegado Marcus Vinícius Leite explicou como funcionava o esquema criminoso.
"Eles utilizavam pessoas físicas em outros estados da federação, pessoas físicas essas que não têm envolvimento com a criminalidade, mas emprestam suas contas bancárias para transitar essas quantias de dinheiro e também pessoas jurídicas criadas único e exclusivamente para esse fim de ocultar ou de simular esses valores. Essas pessoas jurídicas elas não possuem funcionários, não declaram tributos, então através disso nós conseguimos identificar que são pessoas jurídicas fictícias criadas unicamente para essa finalidade de lavar capitais oriundo do narcotráfico. Quem emprestou as contas agiam de forma consciente e voluntária".
Participam da operação nove promotores de Justiça, três delegados de Polícia Civil, 100 policiais civis, 80 policiais militares, dois policiais penais e servidores administrativos da PC, além de cães e helicópteros da PC e PM.
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